Da redação: Elton Luiz Victória
A Secretaria de Estado da Saúde (SESA) divulgou na tarde de quinta-feira (11), novo boletim da Dengue, que coloca Santa Maria de Jetibá como líder no número de casos de incidência de dengue dentre 11 municípios da Região Serrana. A incidência é calculada, dividindo-se o número de notificações (ou seja, o número de novos casos da doença) pela população do município e multiplicando o valor por 100 mil. O porcentual das últimas 4 semanas ficou em 81,0%. A situação é preocupante e acende o sinal de alerta, apesar de o índice ainda ser considerado pela secretaria estadual como baixo.
Segundo o coordenador da Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, Josemar Silveira, foram confirmados 43 casos de pessoas infectadas com dengue em 2015, sendo que 38 pessoas adquiriram a doença dentro do município e outras 05 em outras cidades. No total, foram 76 notificações durante as 23 primeiras semanas do ano. Dentre os casos, uma criança de 01 ano e meio também contraiu a doença. “Tivemos um pico entre a 17º e 19º semana do ano, entre março e abril, mas agora diminuiu e vem diminuindo”, disse.
De acordo com o coordenador, o número de casos é o maior da história. “Se desenvolveu muito. Não tínhamos tantos casos de dengue, já acontecia em outros municípios e aqui havia apenas foco do mosquito com poucos casos em alguns quarteirões, mas este ano se propagou e em cada 10 locais onde encontramos larvas de mosquitos, 5 ou 6 tem o Aedes Agypti”, explicou. “Podemos atribuir a um desequilíbrio, pois hoje o mosquito não sofre mais a influência do clima, já que se adaptou ao clima de altitude”, disse.
São 05 agentes epidemiológicos que atuam em 5 bairros: Centro, São Luís, Vila Hammer, Vila Nova e Vila Jetibá. Os profissionais atuam apenas em área urbana e os casos de dengue foram encontrados somente no centro da cidade. Quando perguntado se faltam agentes no município, Josemar explicou que não há necessidade de mais pessoas ou de maior circulação do carro fumacê no combate ao mosquito. “O ciclo do mosquito é de 07 dias, o mosquito coloca o ovo, depois tem a larva, pupa e então o mosquito voa. Por isso não justifica lançarmos veneno todos os dias no ar, pois o combate é cíclico e mesmo que tivéssemos 10 agentes e o munícipe também não fizer a parte dele não resolveríamos o problema”, contou.
VENENO APLICADO NO COMBATE AO MOSQUITO NÃO FAZ MAL AOS HUMANOS
O veneno utilizado é chamado de Icon, no qual são diluídos 400 ml por 9.600 ml de óleo diesel para o combate do Culex, conhecido como Pernilongo. “Para o Aedes Aegypti temos outro serviço de prevenção, em que usamos uma bomba costal motorizada, indo direto aos principais pontos de transmissão realizando o bloqueio com a aplicação do veneno de forma a atingir um raio de 150 metros em torno do foco localizado”. O inseticida utilizado no combate ao mosquito da dengue é o Malathion, que segundo Josemar não faz mal às pessoas. “Apenas pessoas que possuem muita sensibilidade ou alergias podem sofrer algum efeito do veneno, mas são casos raros”, falou.
As ruas com maior incidência do mosquito foram a Sophia Jacob Miertschink e Camilo Vieira Mendonça. Na Rua dos Evangélicos um grande foco de larvas do mosquito também foi encontrado por agentes em cima de uma laje em construção com água empoçada. Outro ponto com grande número de focos do mosquito foi na Rua dos Imigrantes, também no centro, onde o trabalho foi intensificado, entrando nas residências e lançando o veneno.
“Não podemos atribuir a culpa ao setor público, a prefeitura, pois se faz o que o estado orienta e o mosquito existe em quase todos os municípios, nessa guerra todos devemos estar juntos”, disse Josemar.
ESTADO CONTABILIZA MAIS DE 12 MIL CASOS CONFIRMADOS
Foram notificados 12.532 casos de dengue entre 04 de janeiro e 06 de junho de 2015 no Espírito Santo.
Destes, 207 são suspeitas da forma grave, 13 são óbitos confirmados e 13 são óbitos sob investigação. No mesmo período, a taxa de incidência da doença no Estado ficou em 322,57. Essas informações são enviadas à Secretaria de Estado da Saúde até o dia anterior à divulgação do boletim epidemiológico.
O Boletim Epidemiológico da Dengue é apresentado de duas formas: uma tabela com a indicação das notificações em números absolutos por semana epidemiológica e outra com a incidência de casos de dengue por município.
Para calcular a incidência, divide-se o número de notificações (ou seja, o número de novos casos da doença) pela população do município e multiplica-se este valor por 100 mil. O Ministério da Saúde considera três níveis de incidência de dengue: baixa (menos de 100 casos/100 mil habitantes) média (de 100 a 300 casos/100 mil habitantes) e alta (mais de 300 casos/100 mil habitantes). A taxa de incidência é, portanto, um importante indicador de alerta e ajuda a orientar as ações de combate à dengue.
Tabela de incidência das últimas quatro semanas
(Municípios da Região Serrana)
Legenda: SE = Semana
MUNICÍPIO | 19ª SE | 20ª SE | 21ª SE | 22ª SE | TOTAL* | |
SANTA MARIA DE JETIBÁ | 36,6 | 7,8 | 28,7 | 7,8 | 81,0 | |
VENDA NOVA DO IMIGRANTE | 8,6 | 30,0 | 8,6 | 8,6 | 55,8 | |
ITARANA | 26,5 | 17,7 | 0,0 | – | 44,2 | |
SANTA TERESA | 8,5 | 17,0 | 4,2 | 12,7 | 42,4 | |
AFONSO CLÁUDIO | 9,2 | 6,2 | 6,2 | 0,0 | 21,5 | |
DOM. MARTINS | 5,8 | 5,8 | 8,8 | 0,0 | 20,4 | |
SÃO R. DO CANAÃ | 0,0 | 0,0 | 8,1 | 8,1 | 16,3 | |
ITAGUAÇU | 6,7 | 0,0 | 6,7 | 0,0 | 13,5 | |
CASTELO | 2,7 | 2,7 | 0,0 | 0,0 | 5,3 | |
LARANJA DA TERRA | 0,0 | 0,0 | 0,0 | – | 0,0 | |
SANTA LEOPOLDINA | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
*Total das quatro semanas.
Como se prevenir
– Limpar o quintal, jogando fora o que não é utilizado;
– Tirar água dos vasos de plantas;
– Colocar garrafas vazias de cabeça para baixo;
– Tampar tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água;
– Manter os quintais bem varridos, eliminando recipientes que possam acumular água, como tampinha de garrafa, folhas, sacolas plásticas etc.;
– Escovar bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, vasos de plantas, tonéis, caixas d’água) e mantê-los sempre limpos.