
Decisão de apoio ao governo partiu da Sede do Sínodo Espírito Santo à Belém em Vitória, durante reunião em Ibiraçú. Foto: Reprodução/Google
Da redação: Elton Luiz Victória
Líderes da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, por meio do Sínodo Espírito Santo a Belém, de Vitória, emitiu nesta quarta-feira (13) um manifesto contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a favor da democracia e contra a corrupção. Nas redes sociais, o texto causou revolta entre internautas favoráveis à saída do governo. Muitos fiéis se colocaram contra a publicação.
“Cadê a imparcialidade das instituições religiosas?”, disse uma internauta. “Acho que a igreja tem outras coisas para se ocupar e tentar fazer direito e não se posicionar a favor ou contra na politica; podem ter sua opinião pessoal mas é sua opinião não usem a instituição”, comentou outro. E os comentários não param por aí. “Acho mesmo que religião jamais deveria se misturar com política!”, responde uma moradora de Santa Maria de Jetibá, cidade onde se concentra uma expressiva comunidade de luteranos, uma das maiores do Brasil.
Se por um lado, conforme observou a equipe da Pomerana, uma maioria se mostrou contrariada, decepcionada ou até mesmo não representada pela postagem, por outro lado, alguns internautas também se manifestaram a favor. “Muito bem! Voz profética em meio a tempos nebulosos”, diz um dos comentários. O posicionamento também ganhou até parabéns. “Tanto o manifesto quanto a nota do pastor sinodal são extremamente lúcidos e comprometidos com uma ética evangélica e com os preceitos mais caros à democracia. Parabenizo os ministros e as ministras do Sínodo Espírito Santo a Belém e ao seu pastor sinodal.”, afirmou uma seguidora.
A igreja também afirmou ser a favor da democracia e a favor da investigação de todos os partidos e pessoas envolvidas em atos ilícitos. Leia o manifesto na íntegra:
“Nós, pastores e pastoras, catequistas, diáconos e diáconas, do Sínodo Espírito Santo a Belém, filiado à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, estivemos reunidos em Conferência Ministerial no dia 13.04.2016, em Ibiraçu/ES, e de forma consensual, decidimos nos manifestar.
Vivemos hoje no Brasil uma forte ameaça à democracia, que foi conquistada com tanta luta. Uma democracia que conseguiu avançar na luta contras as desigualdades históricas e estruturais do Brasil e na busca de um país mais justo, de todos, sobretudo dos mais empobrecidos, mais sofridos e mais destituídos da possibilidade de participação.
Juntamente com outras entidades ecumênicas e movimentos sociais, reafirmamos o seguinte:
– somos contra o processo do impeachment da Presidenta da República, por não ter fato jurídico consistente, o que coloca em risco a democracia;
– a maioria dos que julgam o processo de impeachment estão citados nas listas de corrupção, e, portanto, não são aptos em termos éticos e políticos para conduzi-lo;
– há evidências de que todo este processo está sendo conduzido para encobrir uma investigação mais profunda, sem partidarização, de todos os envolvidos nas estruturas de corrupção;
– evidencia-se, ainda, que as investigações têm sido direcionadas apenas para alguns, enquanto outros, comprovadamente envolvidos com corrupção, são protegidos politicamente;
– somos a favor da investigação de todos os partidos e de todas as pessoas envolvidas em atos ilícitos;
– reafirmamos o nosso compromisso com a justiça social, com a ética, com a igualdade de direitos, a solidariedade com os pobres e excluídos;
– unimo-nos a todas as vozes e movimentos em defesa da democracia e de uma profunda reforma política;
Ibiraçu, 13 de abril de 2016.
Pastores e pastoras, catequistas, diáconos e diáconas do Sínodo Espírito Santo a Belém, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.”
Após a divulgação da mensagem e da repercussão gerada em torno do assunto, o Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém, Joaninho Borchardt, emitiu uma nota esclarecendo o manifesto com mais informações. De acordo com a publicação, o pastor afirma que posicionamento apresentado no documento é apartidário e a favor de uma investigação profunda e ampla em todo o país, sendo contra a maneira como o processo de impeachment da presidente Dilma está sendo conduzido, leia: