
Termômetros registram temperatura alta na região da Central do Brasil durante onda de calor que atinge a cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias de inverno. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Um estudo internacional alertou, nesta terça-feira que o planeta Terra corre o risco de cair em um estado estufa irreversível devido ao aquecimento global, tornando inabitáveis diversos lugares ao redor do globo.
A pesquisa liderada por Will Steffen, da Universidade Nacional da Austrália, adverte que a situação pode resultar em temperaturas a 0,5ºC acima da era pré-industrial e que o aumento do nível do mar suba entre 10 e 60 metros.
Atualmente, a temperatura média global é pouco mais de 1ºC superior ao da era pré-industrial e aumenta 0,17ºC a cada década.
Steffen observou que se as temperaturas aumentassem 2ºC devido às atividades humanas, os processos chamados de retroalimentação seriam ativados no sistema da Terra, causando aquecimento mesmo se os gases de efeito estufa não fossem mais emitidos.
Esses elementos de retroalimentação incluem descongelamento do pergelissolo (solo permanentemente congelado), a perda de metano hidratado das águas marinhas, o enfraquecimento de carbono em terra e mar, além do aumento da respiração bacteriana nos oceanos.
Tais processos também incluem a morte da floresta amazônica e da floresta boreal, a redução da camada de neve no Hemisfério Norte, a perda de gelo marinho no verão ártico, assim como a redução do gelo marinho antártico e as camadas de gelo polar. “A verdadeira preocupação é que esses elementos críticos possam agir como uma fileira de dominós. Uma vez que é empurrado, ela empurra a Terra para outro. Pode ser muito difícil ou impossível deter toda a fileira de dominós”, disse Steffen, no comunicado.
Os pesquisadores consideram que a ativação em cadeia desses retroalimentadores poderia liberar incontrolavelmente o carbono que foi armazenado anteriormente na Terra. “É improvável que os esforços atuais, que não são suficientes para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, ajudem a evitar essa situação perigosa, na qual muitas partes do planeta poderiam se tornar inabitáveis para os seres humanos”, advertiu Steffen.
No estudo, Steffen pediu rapidez na transição para uma economia global verde. O trabalho, publicado na revista científica PNAS, envolve cientistas da Suíça, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha e Holanda
O Acordo de Paris
O Acordo de Paris, assinado em 2015 por cerca de 200 países, procura manter o aumento da temperatura média mundial abaixo de 2°C em relação ao nível pré-industrial, e continuar os esforços para limitar esse aumento em 1,5ºC.