Por Audrey Ferreira
Há oito anos que a Agência dos Correios de Santa Maria de Jetibá funcionava no térreo do Pommerhaus Hotel prestando diversos serviços à comunidade inclusive de banco postal, do Banco do Brasil. No dia 19 de março interrompeu, intempestivamente, esses serviços para mudar de ponto. O jornal NOVA NOTÍCIA quis saber os motivos para tão “apressado, inusitado e ditatorial” ato e foi ouvir as pessoas envolvidas.
A Assessoria de Comunicação dos Correios no Espírito Santo disse que “a Agência está sendo transferida para o imóvel próprio situado na Avenida Frederico Grulke, 1645, de onde saiu há oito anos e que a mudança se deu em decorrência de dificuldades do atual locador em regularizar a documentação do ponto alugado e, também, por ele não ter concordado com o valor do aluguel proposto. “Os Correios”, como empresa pública do Governo Federal obedece à legislação brasileira e para que não houvesse descontinuidade dos serviços, e até fechamento da Agência, optou pela sua transferência para o imóvel de sua propriedade”.
Porém, o proprietário do imóvel alugado há oito anos, Martin Jacob, disse-nos que há cerca de dois anos os Correios exigiu dele o RGI (Registro Geral de Imóveis) para continuação do aluguel, e que para isso precisou de executar reformas físicas. “Fiz a execução da obra toda conforme solicitado pelos Correios e Corpo de Bombeiros, o que durou cerca de um ano. Está tudo conforme a regulamentação: instalação de hidrante, sistema de alarme, tudo em conformidade com um projeto que requereu aprovações diversas, sobretudo do Corpo de Bombeiros. A aprovação está pendente de vistoria desta entidade.”
Ele disse que é incompreensível a atitude do “Corpo de Bombeiros” uma vez que vieram de Vitória para fazer a primeira vistoria e aprovaram. Porém, depois de um tempo, apareceram os de Cariacica e exigiram novas alterações. “ Mesmo assim anotei tudo e fiz as alterações. Agora estou no aguardo deles para liberarem o alvará de funcionamento”, disse Martin Jacob.
Entretanto, o contrato de aluguel venceu havendo interesse de ambas as partes em renovar. Para isso foi feita uma reunião onde o proprietário apenas mostrou interesse em que o novo valor fosse corrigido pelo índice do Governo, cerca de 11%. Foi quando os representantes dos Correios apresentaram uma proposta reduzindo pela metade o que a entidade já vinha pagando. Aí, o proprietário não aceitou.
“Aí, não aceito porque já tem oito anos que os Correios estão ali no ponto. Quando vocês chegaram, eu abri mão de tudo; fiz preço mais baixo em relação aos demais pontos comerciais. Reformei tudo. Inclusive a diretoria me pediu três meses de graça para colocar os móveis antes de iniciar os trabalhos. Eu deixei, porque era interesse meu e da comunidade” disse Martin Jacob.
Segundo ele, foi então que um dos diretores dos Correios fez proposta de renovação por um ano com o valor que já pagavam o que ele aceitou, parecendo-lhe que a situação estaria resolvida. “Está tudo transcrito em Ata”, disse Martin. Porém, pouco tempo depois foi informado que por ordem da Diretoria de Brasília iriam desocupar o ponto imediatamente. Martin Jacob acha uma “covardia” o correio sair de uma hora para outra e deixar a população na mão. “Chegam pessoas perto da agência, e até no hall do Hotel, pedindo informações sem saberem o que fazer, onde ir, quando e onde vai abrir a agência. Ninguém sabe nada.” Esse sentimento de Martin Jacob também é compartilhado pela comunidade que relata suas opiniões. Como o Gerente Administrativo do Laboratório Vila Rica, Everton Pires Martins, que disse “que piorou a localização dos correios. Agora está mais longe de todo o comércio da cidade”. E como disse a professora, Maria José Scholz, “mesmo que volte a estar mais perto da minha casa, o fato é que nada facilitou por que está distante dos comércios e acho que não vai ter o mesmo atendimento decente que tinha”.
Quanto a isso a “Assessoria dos Correios” alega que a entrega de correspondências, tanto simples quanto as registradas, ocorre diariamente. Os objetos postais são triados em unidades vizinhas e distribuídos normalmente em todo o município. A coleta de malotes continua a ser realizada nos Correios do município. “Para que se possa atender a população local o mais breve possível, o projeto de acessibilidade também já está pronto e as obras terão início após o início do funcionamento da unidade”, afirma a “Assessoria”.
Essas dificuldades todas, bem como os transtornos, também são relatadas pelo Presidente do Sindicado dos Trabalhadores na Empresa de Correios no Espírito Santo – SINTECT/ES, Fischer M. Moreira. “A mudança do local trouxe reflexos negativos para os trabalhadores assim como para a cidade. Na distribuição e entrega, os trabalhadores são obrigados a lançar no sistema os objetos a serem entregues no complexo logístico de Viana, fazendo com que um procedimento que durava 10 minutos leve até duas horas. No atendimento, a saída de trabalhadores remanejados diminui a capacidade de atendimento na cidade e ainda causa transtornos no deslocamento e finanças dos empregados. Denunciaremos isso no MPT e na DRT”, afirma Fischer.
Conforme a “Assessoria de Comunicação dos Correios”, no dia 17 de março foi protocolada na Prefeitura de Santa Maria de Jetibá uma solicitação para Alvará de Funcionamento para o novo endereço dos Correios. A “Assessoria de Comunicação da Prefeitura” confirma o pedido: e informa: “O correio deu entrada solicitando o Alvará de Funcionamento e a sua expedição deverá ocorrer dentro de 15 a 20 dias, desde que os requisitos para isso estejam de acordo com as Leis Municipais aplicáveis. Até o momento o Alvará não foi emitido porque o processo está tramitando”.